Um grupo de professores da Rede Municipal de Educação de Aracaju vêm ao Instituto Social Micael assistir uma palestra sobre a Pedagogia Waldorf e a próxima formação dos professores por meio do curso de pós-graduação que se inicia em 25 de junho próximo.
Dentre as atividades houve a visita à sala de aula do Jardim da Escola Micael de Aracaju, despertando o interesse a todos, como reportada nas fotos abaixo.
Bem vindo professores!
quinta-feira, 30 de maio de 2013
terça-feira, 28 de maio de 2013
Apresentação da pós-graduação em Pedagogia Waldorf
Venham conhecer a pedagogia que responde aos desafios de nossa época pelo caminho da humanização
Apresentação do curso de pós-graduação lato sensu em Pedagogia Waldorf
Quinta-feira, 30/05/2013 de 8:30h as 12:00h (feriado)
Instituto Social Micael e Faculdade São Luís de França
Rua Manoel Andrade, 2065 - Coroa do Meio - Aracaju/SE
(79) 3222-8819
micael@infonet.com.br
Início do curso: 25/jun/2013
sexta-feira, 24 de maio de 2013
O LADO SOMBRIO DA TECNOLOGIA (Veja, 09/01/2013 - páginas amarelas)
O LADO SOMBRIO DA TECNOLOGIA
Entrevista com a Neurocientista Susan Greenfield –
Por Simone Costa
A neurocientista inglesa alerta para o fato de que
os efeitos positivos dos estímulos da internet, redes sociais e videogames,
em excesso, provocam riscos para o cérebro.
Especialista em doenças degenerativas do cérebro,
a pesquisadora Susan Greenfield, de 62 anos, é presença constante nos
principais debates sobre os efeitos da tecnologia na mente humana. Autora de
três livros que se tomaram best-sellers, ela defende a tese de
que passar tempo demais na frente de computadores, games, tablets
e smartphones causa alterações cerebrais da mesma natureza daquelas advindas
do Alzheimer, embora não tão destruidoras. Susan se refere mais precisamente à
dificuldade de discernir eventos passados de situações presentes e até de
projeções futuras, disfunção cognitiva comumente associada ao Alzheimer. Susan
Greenfield foi a primeira mulher a presidir a Royal Institution, e mais antigo
centro de pesquisa independente do mundo. Depois de doze anos, ela deixou o
cargo alegando que vinha sendo vítima de uma campanha machista. Feita baronesa
em 2001, a professora de Oxford é conhecida também por ser uma ativa popularizadora
da ciência na Inglaterra, produzindo e apresentando documentários que lhe
valeram a fama de ser a versão local de Carl Sagan, o lendário cosmólogo americano, morto em 1996.
Veja - Qual é o
paralelo entre a doença de Alzheimer e os efeitos sobre o cérebro do uso
exagerado de aparelhos conectados à internet?
Susan Greenfield - Fui mal interpretada em uma
entrevista e passaram a me atribuir algo que eu não disse. O Alzheimer, à
medida que avança, provoca a perda de células cerebrais, conduzindo o paciente
a um estado de alienação crescente. Não afirmei que a tecnologia provoca a
morte dos neurônios. Não há prova científica disso. O que realmente disse e
reafirmo é que computadores, tablets, smarrphones, enfim, todos os
dispositivos interativos, quando usados excessiva e ininterruptamente, deixam
a mente em um estado de confusão sobre o aqui e o agora muito semelhante aos
efeitos do Alzheimer. A pessoas nesse estado perdem momentaneamente a noção
clara do que seja passado, presente ou futuro. Alguém imerso nesse universo
virtual está sempre de prontidão para responder rapidamente a um e-mail
ou uma mensagem de bate-papo. Essa disponibilidade instantânea para os apelos
digitais interativos, dominada pelos sentidos e não pela cognição, deixa a
mente em um estado semelhante ao provocado pelo Alzheimer ou mesmo pelo
autismo. Ainda não existem evidências de que o cérebro sadio submetido de
maneira intermitente a esses estímulos sofrerá transformações fisiológicas
permanentes. No entanto, essa é uma hipótese a considerar seriamente a longo
prazo.
Veja - A
senhora saberia definir o limite máximo de tempo de imersão diária no mundo virtual
ao qual alguém deveria obedecer?
Susan Greenfield - Pelos dados que temos em mãos
hoje, ainda não somos capazes de definir esse limite. A questão não é
propriamente o tempo que se passa a on-line. O cerne do problema é
deixar de exercer, por causa da internet, outras atividades essenciais
para o desenvolvimento pleno do cérebro e para a manutenção da saúde mental.
Passar cinco horas seguidas jogando videogame ou no Facebook pode ser
bem estimulante, mas são cinco horas a menos para abraçar alguém, caminhar pela
praia, conversar cara a cara com um amigo em um bar ou restaurante. O cérebro
de um bebê é um recipiente passivo de sensações, que gradualmente começam a se
organizar, o que permite a interpretação por associação das informações que ele
recebe. A partir daí, o cérebro formula conceitos com base nas memórias e no
conhecimento. É assim
que cada um forma a própria identidade. A diversidade e a frequência dessas
interações corriqueiras são essenciais para a construção da individualidade
não apenas na primeira infância, mas durante toda a vida. As crianças se formam
subindo em árvores, sentindo o calor da luz solar no rosto, correndo atrás dos
amigos em um parque. O perigo é satisfazer-se com um simulacro digital das sensações
reais.
Veja - A noção
predominante entre os estudiosos, porém, é que os estímulos digitais estão
aumentando a eficiência do cérebro humano. Essa noção é equivocada?
Susan Greenfield - Obviamente, qualquer atividade
contribui para o desenvolvimento cerebral. Estudos feitos nas últimas décadas
comprovaram a capacidade de o cérebro reorganizar-se e reinventar-se a todo
momento por meio de estímulos externos.É a neuroplasticidade. Os videogames
desenvolvem a coordenação motora e a memória. Isso está comprovado. Nos
adultos, sobretudo nos idosos, a interatividade mostrou-se uma excelente
ferramenta para estimular a neurogênese, a formação de novas células
cerebrais, e até promover certo bem-estar mental. Há relatos científicos de
diminuição dos sintomas da depressão em virtude de relacionamentos que o
paciente retomou ou criou nas redes sociais. Minha mãe é Viúva, tem 85 anos e
mora sozinha. Meu irmão e eu gostaríamos muito que ela tivesse uma conta no
Facebook. Mas, infelizmente, ela se recusa. Meu ponto, então, não é a
condenação da era da informação. O que eu reafirmo é que a exemplo de um
carro, que nos serve tanto mas com o qual podemos atropelar e matar alguém,
obter o benefícios e evitar os males das nova tecnologias depende apenas do
usuário.
Veja - A
comunidade científica levou a sério seu alerta sobre o perigo de os
videogames, na infância, estarem produzindo adultos "sem ética e
atrofiados emocionalmente"?
Susan Greenfield - Essa é uma constatação
irrefutável. Pense na fábula da princesa presa na torre. Existe uma enorme
diferença entre a experiência de ler sobre Rapunzel em um livro e a de
participar de um game em que o objetivo é resgatá-la. O livro apresenta
à criança a narração plena da história da princesa. A vida dela faz parte de um
contexto. Já no game a princesa é apenas um objetivo, não importa nem
como ela chegou a ser aprisionada na torre, não se constrói em nenhum momento
um vínculo emocional com a personagem, tampouco se discutem as questões éticas
de aprisionar alguém ou as virtudes de caráter ou de coração do ato de salvá-la.
A única coisa que importa é ganhar o jogo. Parece-me evidente que são duas vias
bem distintas.
Veja - O
convívio nas redes sociais aceita uma latitude maior na conduta ética das pessoas?
Susan Greenfield - Sem dúvida. O mundo virtual, as
pessoas podem se comportar de um modo como jamais fariam no mundo real. Elas
perdem seus constrangimentos naturais, o que normalmente barra os maus
comportamentos, a rede, muita gente se expõe como jamais faria nem mesmo no
ambiente familiar ou na frente dos amigos mais íntimos. Essa liberalidade
começou com os e-mails, mas atingiu o ápice com o Facebook. Os limites
do certo e do errado estão cada vez mais difíceis de ser definidos. O livro O
Senhor das Moscas, obra-prima de William Golding, conta a história de um
naufrágio de estudantes. Presos em uma ilha e submetidos a enormes privações,
eles perdem o verniz civilizatório e se tomam selvagens. Por alguma razão,
estar nas redes sociais pode produzir o mesmo efeito de desconsideração com os
outros que acometeu os estudantes do livro de Golding presos na ilha.
Veja - Essa
regressão tem raízes na química cerebral?
Susan Greenfield - Sim. O prazer de estar on-line
ou jogando um game libera dopamina em excesso. A dopamina participa do
sistema de recompensa do cérebro, aquele que nos faz querer repetir algo
prazeroso. Ela é liberada quando se come algo saboroso, como chocolate, e
durante o sexo, por exemplo. Cada vez que a criança muda de fase no videogame,
mais dopamina é liberada. A interatividade estimula o cérebro a produzi-la em
demasia. Isso é um problema. O excesso desse neurotransmissor afeta
diretamente o córtex pré-frontal, região do cérebro que é a sede da
consciência, em que a pessoa processa o conceito que faz de si mesma e as
noções de tempo e de espaço.
Veja - Antes
eram as revistas em quadrinhos, depois a televisão, agora a internet e
os games. Será que cada era tem seu falso inimigo do cérebro das
crianças?
Susan Greenfield - Existe uma diferença crucial. As
novas tecnologias são muito mais invasivas e têm um impacto infinitamente maior
até mesmo que o da televisão. As pessoas agora estão sendo levadas a ter uma
percepção da vida como uma sucessão de pequenas tarefas desconectada entre si,
exatamente como no game da Rapunzel. O ser humano é produto de
histórias, da preservação de memórias, enfim, da narrativa, não há
mais narrativa. Tudo não passa de ação e reação.
Veja - Mas a
senhora não acha que tem sido gigantesca a contribuição das tecnologias
interativas para a educação?
Susan Greenfield - Uma pesquisa divulgada no ano
passado, na Inglaterra, derruba essa tese. Três quartos dos professores
ingleses reclamam da crescente dificuldade de concentração dos alunos. Quase todos os pais entrevistados
afirmaram que os filhos gastam o triplo do tempo na frente de uma tela em
comparação com o que dedicam a um livro, não concordo com os especialistas que
sugerem distribuir tablets aos alunos. Isso não resolve. A única maneira
de prender a atenção das crianças nos dias de hoje é ter professores
inspiradores. A tecnologia é fundamental e excitante, mas, sozinha, não
identifica nem desenvolve talentos.
Veja - A senhora
foi criticada por colegas pelo fato de seus documentários e palestras serem
populares demais. O que acha disso?
Susan Greenfield - Costumo citar Carl Sagan, a quem
admiro muito, quando me criticam por falar de ciência de maneira fácil e
acessível. Ele costumava dizer que era um suicídio viver numa sociedade
dependente de ciência e tecnologia e não saber nada sobre ciência e
tecnologia. Entendo os colegas que, por personalidade ou opção, são mais
resguardados. Mas acho que eles não deveriam criticar quem está disposto a
simplificar e divulgar assuntos científicos. No fundo, penso que os cientistas
que não gostam de popularizar a ciência têm medo de, ao falar de igual para
igual com as pessoas leigas, perder a autoridade e o status.
Veja - É verdade
que os integrantes da Royal Society chegaram a anunciar que pediriam demissão
se a senhora fosse indicada para compor seus quadros?
Susan Greenfield - Aconteceram coisas terríveis
nesse episódio. Uma delas foi a falta de ética de meus colegas. As regras de
escolha de membros da Royal Society deveriam ser confidenciais. Quem afirmou
que sairia se eu fosse escolhida deveria ter sido expulso. Além disso, vivemos
em uma democracia. Se os membros não concordavam com meu nome, era só chegar a
um consenso interno. Não era preciso me expor perante a opinião pública, como
fizeram. O que houve, de fato, foi chantagem. As táticas utilizadas pelos meus
colegas foram pobres e não democráticas. Infelizmente, a ciência é uma área na
qual ainda impera o machismo. Isso é lastimável.
Veja - Em um
artigo para o jornal The Guardian, a senhora afirmou que a gravidez era um
contrassenso. Por quê?
Susan Greenfield - Referia-me à questão profisional.
São poucas as mulheres na minha área que conseguem chegar aonde eu cheguei. E
difícil desde o início. No colégio, as meninas recebem menos incentivos do que
os meninos para seguir a carreira científica. Afinal, ciência é coisa de homem.
Quando conseguem superar essa barreira, elas encontram outro obstáculo: a
gravidez. Não sou contra ter filhos, mas na ciência, quem se afasta, mesmo que
por pouco tempo, perde a vez, infelizmente. Eu optei por não ter filhos. Meu
irmão nasceu quando eu era uma adolescente de 13 anos. Essa já foi uma
experiência maternal suficiente para mim.
Veja - A senhora
deixou a presidência da Royal Institution pelo mesmo motivo que quase a impediu
de entrar?
Susan Greenfield - Fui a primeira mulher a comandar
a instituição. Foi uma experiência única. Aprendi a ser uma administradora,
consegui reerguer a Royal Institution e ao mesmo tempo modenizá-la. Também me
aperfeiçoei como acadêmica. No fim de minha gestão, tive problemas sobre os
quais estou proibida de falar por ordem judicial. Mas, apesar de tudo o que fiz
até hoje como profissional, minha grande realização como cientista ocorreu no
campo pessoal, por mais esquisito que isso possa soar. Graças a meu trabalho,
consegui realizar um sonho familiar. Apresentei minha mãe, bailarina, e meu
pai, engenheiro elétrico, à rainha Elizabeth II.
Fonte
– Revista VEJA – Edição 2303 – Ano 46 - nº 2 09/01/2013.
sábado, 27 de abril de 2013
Mutirão de pais, colaboradores e diretores para cuidar da área verde
Nas escolas Waldorf os pais participam muito proximamente do ambiente e do cotidiano educacional, ofertando, com ações e exemplos, o melhor para seus filhos. Parabéns aos pais e educadores que assim fazem.
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Recolhendo folhas caídas e matérias orgânicas |
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Muita produção |
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Cuidando das plantas e do jardim |
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Dia de trabalho e diversão |
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Eliminando um velho e invasivo pé de ficus |
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Primeiro fruto do pé de fruta-pão |
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Este fruta-pão foi plantado no dia da inauguração do prédio |
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... e já tem seu primeiro filhote |
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Adubação lenhosa com restos do ficus |
domingo, 21 de abril de 2013
Pesquisa comparativa sobre Pedagogia Waldorf na Europa
Ensino escolar: Pesquisa Alemã revela vantagens de conceitos alternativos
Waldorf, Montessori ou escola regular?
Há muitos anos, esta questão é um tema “clássico”, sendo avaliado e discutido por pais da classe média e da classe média alta. Diante da decisão de escolher uma escola para a formação dos filhos, o assunto pode se desdobrar em discussões infinitas. Hoje em dia, muitos filhos são pressionados por pais ambiciosos a mostrar desempenho. Tais exigências agravam a situação nas escolas, resultando num clima extremamente competitivo e agressivo, e isso ocorre entre crianças e adolescentes que crescem num ambiente protegido e privilegiado. Em contra partida, a preocupação com o bem-estar dos filhos aumentou. Nesse contexto, modelos escolares alternativos estão gradualmente em foco por serem considerados mais aptos a estimular o desenvolvimento das habilidades infantis sem causar o medo de competir ou falhar.
“Verdade ou mito?”
Heiner Barz, um pesquisador da área de educação da Heinrich-Heine-Universität em Düsseldorf, divulgou, em fevereiro de 2011, os primeiros resultados de sua pesquisa nacional sobre satisfação e experiências de aprendizagem de alunos Waldorf, comparando-as com escolas regulares. Oitocentos alunos Waldorf preencheram questionários e mais que 50 entrevistas individuais com pais e alunos (duração entre 2 e 3 horas) foram realizadas. Recentemente, o pesquisador apresentou para a imprensa os resultados finais em forma de livro, confirmando a primeira percepção dos resultados provisórios do ano passado.
Segundo a pesquisa, os alunos de escolas Waldorf (existe outra pesquisa independente sobre alunos Montessori) estudam com mais entusiasmo, sofrem menos com sintomas de estresse como dor de cabeça, dor de barriga ou distúrbio de sono, sentem-se menos entediados e frequentemente tem uma impressão mais positiva da escola e dos professores do que os alunos de escolas regulares. Em parte, as diferenças são significativas. Oitenta por cento dos alunos Waldorf afirmaram que sentem prazer em estudar – em comparação a 67 por cento das escolas regulares. Oitenta e cinco por cento dos alunos Waldorf consideram o clima escolar e a atmosfera de aprendizagem como agradável e sustentador – em comparação a 60 por cento do alunos das escolas regulares. Sessenta e cinco por cento dos alunos Waldorf afirmaram ter um bom relacionamento com o professor, mas somente 31 por cento dos alunos de escolas regulares disseram a mesma coisa. (Os dados obtidos dos alunos de escolas regulares se baseiam em outras pesquisas usando questionários semelhantes).
O desempenho em provas finais do ensino médio também mostra bons resultados. “Pelo que sei, não existe nenhum estado federal no qual os alunos Waldorf se saíam pior que outros”, diz Heinz Barz. A maioria deles termina o ensino médio.
Todavia, na divulgação provisória dos resultados da pesquisa, Barz destacou um fenômeno comum entre alunos Waldorf e outros: a tendência a necessitar de reforço escolar, como em matemática, línguas estrangeiras e na preparação para as provas finais do ensino médio.
Seja como for, para Andreas Schleicher, coordenador do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), o sucesso de aprendizagem nas escolas Waldorf ainda não foi apreendido de forma abrangente. Segundo ele, os resultados dos testes que a PISA realizou em escolas finlandesas bem-sucedidas, as quais adaptaram elementos da pedagogia Waldorf, mostrariam que as mesmas estimulam a aquisição de conhecimento baseada na realidade, ou seja, “naquilo que o mundo exige de nós”. Schleicher, que é contra as formas de “conhecimento instantâneo”, destaca como contraste uma forma de ensino cuja ênfase é “aplicar conhecimento de forma criativa, direcionando-o a soluções práticas em novas áreas”. Também menciona que alunos Waldorf se destacaram num estudo da PISA por “suas competências acima da média na área das ciências naturais”.
Texto original de Thomas Pany, publicado em TELEPOLIS, 27/09/2012
Tradução e adaptação autorizada: Peter Hilgeland
Fonte: http://philgeland.com/2012/09/30/ensino-escolar-pesquisa-alema-revela-vantatgens-de-conceitos-alternativos/
Há muitos anos, esta questão é um tema “clássico”, sendo avaliado e discutido por pais da classe média e da classe média alta. Diante da decisão de escolher uma escola para a formação dos filhos, o assunto pode se desdobrar em discussões infinitas. Hoje em dia, muitos filhos são pressionados por pais ambiciosos a mostrar desempenho. Tais exigências agravam a situação nas escolas, resultando num clima extremamente competitivo e agressivo, e isso ocorre entre crianças e adolescentes que crescem num ambiente protegido e privilegiado. Em contra partida, a preocupação com o bem-estar dos filhos aumentou. Nesse contexto, modelos escolares alternativos estão gradualmente em foco por serem considerados mais aptos a estimular o desenvolvimento das habilidades infantis sem causar o medo de competir ou falhar.
“Verdade ou mito?”
Heiner Barz, um pesquisador da área de educação da Heinrich-Heine-Universität em Düsseldorf, divulgou, em fevereiro de 2011, os primeiros resultados de sua pesquisa nacional sobre satisfação e experiências de aprendizagem de alunos Waldorf, comparando-as com escolas regulares. Oitocentos alunos Waldorf preencheram questionários e mais que 50 entrevistas individuais com pais e alunos (duração entre 2 e 3 horas) foram realizadas. Recentemente, o pesquisador apresentou para a imprensa os resultados finais em forma de livro, confirmando a primeira percepção dos resultados provisórios do ano passado.
Segundo a pesquisa, os alunos de escolas Waldorf (existe outra pesquisa independente sobre alunos Montessori) estudam com mais entusiasmo, sofrem menos com sintomas de estresse como dor de cabeça, dor de barriga ou distúrbio de sono, sentem-se menos entediados e frequentemente tem uma impressão mais positiva da escola e dos professores do que os alunos de escolas regulares. Em parte, as diferenças são significativas. Oitenta por cento dos alunos Waldorf afirmaram que sentem prazer em estudar – em comparação a 67 por cento das escolas regulares. Oitenta e cinco por cento dos alunos Waldorf consideram o clima escolar e a atmosfera de aprendizagem como agradável e sustentador – em comparação a 60 por cento do alunos das escolas regulares. Sessenta e cinco por cento dos alunos Waldorf afirmaram ter um bom relacionamento com o professor, mas somente 31 por cento dos alunos de escolas regulares disseram a mesma coisa. (Os dados obtidos dos alunos de escolas regulares se baseiam em outras pesquisas usando questionários semelhantes).
O desempenho em provas finais do ensino médio também mostra bons resultados. “Pelo que sei, não existe nenhum estado federal no qual os alunos Waldorf se saíam pior que outros”, diz Heinz Barz. A maioria deles termina o ensino médio.
Todavia, na divulgação provisória dos resultados da pesquisa, Barz destacou um fenômeno comum entre alunos Waldorf e outros: a tendência a necessitar de reforço escolar, como em matemática, línguas estrangeiras e na preparação para as provas finais do ensino médio.
Seja como for, para Andreas Schleicher, coordenador do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), o sucesso de aprendizagem nas escolas Waldorf ainda não foi apreendido de forma abrangente. Segundo ele, os resultados dos testes que a PISA realizou em escolas finlandesas bem-sucedidas, as quais adaptaram elementos da pedagogia Waldorf, mostrariam que as mesmas estimulam a aquisição de conhecimento baseada na realidade, ou seja, “naquilo que o mundo exige de nós”. Schleicher, que é contra as formas de “conhecimento instantâneo”, destaca como contraste uma forma de ensino cuja ênfase é “aplicar conhecimento de forma criativa, direcionando-o a soluções práticas em novas áreas”. Também menciona que alunos Waldorf se destacaram num estudo da PISA por “suas competências acima da média na área das ciências naturais”.
Texto original de Thomas Pany, publicado em TELEPOLIS, 27/09/2012
Tradução e adaptação autorizada: Peter Hilgeland
Fonte: http://philgeland.com/2012/09/30/ensino-escolar-pesquisa-alema-revela-vantatgens-de-conceitos-alternativos/
terça-feira, 16 de abril de 2013
Recorte de jornal alemão de 1935 com aviso do governo de Hitler proibindo escolas Waldorf
Recorte de jornal alemão de 15 de novembro de 1935, época do governo Hitler, proibindo o funcionamento de escolas Waldorf em todo o país. Em livre tradução, o aviso diz que "não há lugar na Alemanha nazista alemão para essa pedagogia que incentiva a formação de indivíduos que pensam por eles mesmos".
terça-feira, 2 de abril de 2013
“NÓS PARAMOS NO SÉCULO 19” - Entrevista com Ken Robinson, especialista em criatividade
O texto a seguir foi extraído da revista Exame, edição 1032 de 02/04/13. Não trata de pedagogia Waldorf, porém tece importante crítica ao modelo escolar tradicional em questões que aproximam o ponto de vista do entrevistado com a prática pedagógica Waldorf.
TEXTO DA REVISTA EXAME
Edição 1032/ Ano47/ nº6
ESPECIAL EDUCAÇÃO
“NÓS PARAMOS NO SÉCULO 19”
UM DOS MAIS
RESPEITADOS ESPECIALISTAS EM CRIATIVIDADE DO MUNDO, KEN ROBINSON DEFENDE QUE O SISTEMA DE ENSINO TRADICIONAL TEM SE
REINVENTAR.
Entre as celebridades
e os pensadores que fizeram apresentações no TED, o famoso ciclo de palestras
que disseminam ideias inovadoras em vídeos na internet, ninguém foi tão visto
quanto o consultor de educação inglês KEN ROBINSON. Mais de 15 milhões de internautas
já assistiram a Robinson falar sobre a necessidade de repensar o sistema de
ensino atual, que, segundo ele está matando a criatividade dos alunos. Em
recente visita a São Paulo, Robinson deu a seguinte entrevista a EXAME.
O que é preciso mudar
no sistema tradicional de ensino?
A educação precisa
passar por uma revolução. É importante que as pessoas tenham a dimensão do
problema que enfrentamos. Os sistemas educacionais de massa foram criados no
século 19, durante a revolução Industrial. Por isso, a principal característica
desses sistemas foi a padronização. As crianças passaram a ser separadas por
faixas etárias e cada disciplina ganhou um tempo fixo. Essa foi a forma mais
eficiente de produzir alunos “em série”. Mas isso não funciona mais.
Imagine uma empresa
onde a cada 40 minutos um sinal toca, todos os funcionários são obrigados a
parar o que estão fazendo e iniciar outra atividade. A empresa quebraria em um
mês. Fazemos exatamente isso nas escolas.
Por que o modelo
atual é mantido?
Os pais e as
autoridades acham que, se um jovem estudar bastante, for para a universidade e
conseguir um diploma, ele terá um emprego seguro para o resto da vida. O
problema é que cada vez menos isso é verdade.
Nos Estados Unidos há
uma quantidade enorme de alunos que abandonam as escolas de ensino médio e as
faculdades porque não percebem seu valor. Na china, os jovens entram nas
universidades e se formam, mas, quando vão para o mercado de trabalho, não
encontram os postos com que sonharam.
Então o senhor acha que
é preciso acabar com a estrutura atual das escolas e universidades?
Para muitas pessoas,
a estrutura atual é a única chance de escapar da ignorância. A educação em
massa vai continuar existindo. O que estou dizendo é que a educação tradicional
não tem despertado o interesse dos jovens. O modelo a que estamos acostumados
não dá mais conta de formar os profissionais que estão sendo demandados pelo
mercado. A criatividade é cada vez mais um diferencial. As crianças e os jovens
têm interesses distintos e ritmos diferentes de aprendizagem, mas nós ainda
estamos investindo em aulas que miram somente determinado perfil de aluno.
De que maneira o uso
da tecnologia em aula vai permitir o desenvolvimento da criatividade dos
alunos?
A tecnologia é um
caminho e, com certeza, terá um grande impacto na vida das escolas. Quando
Gutemberg inventou a imprensa, jamais imaginou que isso seria um facilitador da
Reforma Protestante que viria a seguir por popularizar ideias contrárias a
Igreja Católica.
Hoje é difícil prever
as consequências do uso do computador e da internet. Dito isso, é importante
deixar claro que, quando falamos de criatividade, nem tudo gira em torno da
tecnologia. Há escolas que optaram por deixar o aluno escolher as atividades
que prefere fazer em um dos dias da semana. Não há nada de tecnológico nisso. É
sempre bom lembrar. O crucial é a qualidade do professor. É o comportamento
dele que faz a diferença.
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