'Na Finlândia, a profissão
de professor é valorizada'
No país que está entre os melhores em rankings de
educação, docentes dão aula em só uma escola e têm liberdade de avaliar
27 de maio de 2013 | 2h 03
Davi Lira - O Estado de S.Paulo
O Estado de S. Paulo - É fácil ser
professor na Finlândia?
Jaana Palojärvi - É das profissões mais populares no país. Por isso, nos preocupamos em
selecionar bem os profissionais. Apenas 10% dos candidatos que pretendem entrar
na universidade para serem professores conseguem fazer o curso. E não se pode
ser professor na Finlândia sem ter mestrado.
No Brasil há déficit de professores
de Química, Física e Matemática. Faltam esses profissionais na Finlândia?
Nossa situação é diferente. É fácil
para nós termos professores, pela grande procura. Só em Matemática é um pouco
mais difícil.
Professor em seu país dá aula em mais
de uma escola?
Sabemos que os professores
brasileiros fazem isso, mas não na Finlândia. Lá, o docente dá aula em apenas
uma escola. Geralmente fica com o mesmo grupo de alunos, acompanhando-os por
cerca de 6 anos.
Qual o salário médio dos docentes?
Eles não são nem mal pagos nem tão
bem pagos. O salarial inicial de professor de ensino fundamental é de cerca de
€ 3.000 (R$ 7.860) por mês.
Qual é o tamanho da carga horária nas
escolas finlandesas?
Temos uma das cargas horárias mais
curtas do mundo. Nos anos iniciais do ensino fundamental, por exemplo, os
estudantes ficam entre 3 e 4 horas na escola apenas.
Então, eles levam muito dever escolar
para casa?
Nós não somos muito defensores da
tarefa de casa. A quantidade que passamos para os nossos alunos é baixa. É um
sistema diferente de países asiáticos, que passam muita tarefa.
Como são feitas as avaliações?
Na educação básica não temos uma
avaliação nacional. Em cada sala, o professor é quem decide como avaliar seus
alunos. Não acreditamos muito em testes e controle, focamos mais no
aprendizado. Temos um sistema bem descentralizado.
No Brasil, o currículo do ensino
médio está sendo repensado. A ideia é enxugar a quantidade de disciplinas que
podem chegar a 13. Como é o currículo na Finlândia?
Atualmente estamos reformulando o
nosso currículo para distribuir melhor os horários de aulas na educação básica.
Estamos colocando especial atenção à disciplina de Artes. Queremos impulsionar
cada vez mais a criatividade das nossas crianças.
Quem define o currículo?
À nível nacional, desenhamos apenas o esqueleto. É no nível da escola que são definidos as especificidades. Algumas escolas por exemplo, tem um perfi que dá mais destaque a aulas de música, por exemplo. As escolas podem incluir cursos extras à seu critério.
À nível nacional, desenhamos apenas o esqueleto. É no nível da escola que são definidos as especificidades. Algumas escolas por exemplo, tem um perfi que dá mais destaque a aulas de música, por exemplo. As escolas podem incluir cursos extras à seu critério.
E como a tecnologia é utilizada no
aprendizado?
Existem escolas que trabalham bastante com a tecnologia aplicada à educação e outras que nem tanto. Mas no geral, as escolas finlandensas estão mais interessadas no processo não no meio. Não importa se os professores utilizam papel ou aparelhos tecnológicos. O mais importante é a qualidade do aprendizado.
Existem escolas que trabalham bastante com a tecnologia aplicada à educação e outras que nem tanto. Mas no geral, as escolas finlandensas estão mais interessadas no processo não no meio. Não importa se os professores utilizam papel ou aparelhos tecnológicos. O mais importante é a qualidade do aprendizado.
Com que idade os alunos finlandeses
aprendem a ler?
Nós não esperamos que aprendam a ler
antes dos 7 ou 8 anos. As crianças precisam ser crianças.
No Brasil, há críticas quanto a
descontinuidade de políticas públicas. Esse problema é enfrentado pela Finlândia?
No início da década de 70 conluimos
um intenso debate sobre mudanças no nosso sistema educacional. FOi uma
revolução. Mas depois disso, não importa se o governo é de direita ou de
esquerda, não foram modificadas até hoje as bases dessa mudança.
No País, existem professores queixam
de excesso de alunos por sala. Algumas turmas chegam a ter mais de 40 alunos.
Qual é a situação da Finlândia?
Temos menos de 20 estudantes por sala
nos anos iniciais do ensino fundamental. Nos outros níveis da educação básica o
número não ultrapassa 25 estudante. Nós nos preocupamos bastante com classes
com muitos alunos. Sempre incentivamos escolas localizadas em grandes cidades
com grande quantidade de alunos a reduzirem o número de estudantes por sala.
Qual a grande mensagem que a
Finlândia pode oferecer ao Brasil?
A qualidade e a equidade são os
pontos mais importantes. Independentemente da cidade e do bairro em que estejam
localizadas as escolas, elas devem oferecer uma boa educação para todos os
alunos. Isso é fundamental.
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